CBA estuda parcerias com a Coomapem para agregar valor à produção local e fortalecer cooperados

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Pesquisadores do Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA) realizaram uma visita técnica à sede da Cooperativa Mista Agropecuária de Manacapuru (Coomapem), a primeira cooperativa de juta do Estado do Amazonas, fundada em 1963. A instituição, presidida por Eliana Medeiros do Carmo, tem 240 cooperados e mais de 60 anos de atuação no cultivo e processamento de fibras naturais de juta e malva, importantes para o setor têxtil e com alto potencial de aproveitamento industrial.

Durante o encontro, os pesquisadores do CBA conheceram de perto o trabalho desenvolvido pela cooperativa e ouviram os desafios enfrentados pela produção local, como a sazonalidade do cultivo, a dependência de sementes caras e de difícil acesso, além das condições insalubres do processo de colheita e maceração da juta, que exige longas horas de imersão na água, resultando em adoecimentos e perdas frequentes. Recentemente, a cooperativa teve um prejuízo estimado em R$ 2 milhões após um incêndio em seu galpão de armazenamento.

Apesar das dificuldades, a Coomapem tem buscado alternativas. Eliana Medeiros, referência na liderança feminina no setor agroindustrial da região, iniciou em sua propriedade o cultivo de frutas, guaraná, legumes e hortaliças, diversificando a produção da cooperativa, com o propósito de mostrar que era necessário ampliar para outros cultivos. A Coomapem também já atuou com a produção de artesanatos com fibras naturais, picles artesanais e chips alimentares, projetos que atualmente estão parados por falta de recursos.

A equipe do CBA identificou diversas possibilidades de sinergia com os núcleos técnicos do Centro. O Núcleo de Materiais e Energia pode contribuir com o aproveitamento dos resíduos da juta e da malva — que representam cerca de 95% da planta — para o desenvolvimento de celulose e embalagens sustentáveis. Já o Núcleo de Produtos Naturais pode apoiar no processamento de alimentos derivados da agrofloresta da cooperativa, como picles, chips e conservas. Além disso, o Núcleo de Tecnologia Vegetal poderá colaborar no desenvolvimento de soluções para o melhoramento e maior autonomia na produção de sementes, um dos principais gargalos enfrentados pelos cooperados atualmente.

“A visita foi extremamente importante para compreendermos os gargalos enfrentados pela cadeia produtiva da juta e da malva. Agora, vamos acompanhar de perto o processo de colheita e articular projetos que envolvam pesquisa, inovação e desenvolvimento de soluções práticas, inclusive com possíveis parcerias junto à FINEP para produção em campo. Estamos bastante otimistas, pois essa cooperação conecta diretamente os nossos núcleos e está alinhada com a nova proposta do CBA de fortalecer cadeias produtivas estratégicas na Amazônia”, destacou o pesquisador Flávio Freitas, gerente do Núcleo de Materiais e Energia do CBA.

Para Eliana, a visita dos pesquisadores aumentou a expectativa da cooperativa visando a consolidação de parcerias com o CBA. “Para nós foi muito importante, porque, por tudo que nós já passamos e estamos passando, a gente enxerga no CBA um parceiro, mais um aliado para realmente nos ajudar com os projetos e desenvolver o real papel da Coomapem”, afirmou a dirigente.

Texto: Tereza Teófilo

Fotos: Divulgação CBA

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